segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Todos os dedos de uma mão...

São quantos aniversários já se passaram desde que minha mãe partiu. Para celebrar a data, estamos em família. Com os tios, que depois que ela partiu descobrira que tem dedos iguais aos dela, estamos mais perto.


Mãe, tem frutas no pomar. Jaca na árvore. Muitos filhotes! Mamãe, espero que esteja curtindo este dia ensolarado conosco! Feliz aniversário! Rogai por nós!

sábado, 12 de setembro de 2020

Eduardo Frederico Salgado

Na 5B, havia três Paulos. Escrevi isso há pouco. Fui ouvir e deletei. Esta é a nova versão da minha reclamação sobre sua partida. Foi uma bosta!


Saímos da sua missa de sétimo dia. Foi um sermão interessante, mas ouvir seu nome dessa forma não é. Tomamos café em volta da mesa de vocês. Anninha, Heidy, Og, eu e Bueno online contamos suas histórias como se você estivesse lá. 


Recontamos fofocas e descobrimos detalhes escondidos. Criamos uma história nova para o capítulo que você ainda está. 


Paulo, por onde estiver, seja Frederico sempre. Abraços do seu amigo, Luisinho.

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Meu amigo Paulo Frederico morreu

Estudamos e fazíamos trabalhos de escola juntos, pulávamos malas antes do sinal de início da aula, jogávamos supertrunfo no recreio, e comentávamos sobre o episódio de Jornadas nas estrelas. Ele era o Dr. McCoy, eu era o Sr. Spock e o Marcelo André era o Cap. Kirk. Depois, ele mudou para o período da tarde e perdemos o contato. 


Muito depois, o Carmo agrupou os amigos do Marechal e nos reencontramos. No primeiro encontro, estávamos eu, ele, Carmo, Ana, e Tati. Desenterrei um sentimento de amizade. Descobri que o Paulo também trabalhava na USP. Ele visitou minha mãe quando estava internada. Ele e a Anna Calefi começaram a namorar na semana seguinte a esse reencontro. Ele me disse, "nossa Luis, eu tinha uma queda por ela na época do Marechal". Eu fiquei muito feliz por eles. 


Agora, ele partiu. Foi na frente da mãe e está com o pai e avós. Paulo, meu irmão, que tristeza tenho pela sua partida. Tô chorando de saudade! Sei como era recíproco a felicidade do nosso reencontro, da vontade de um cuidar do outro. Fica em paz, Paulo Frederico. Te amo prá sempre. Vou olhar a sua mãe, pode deixar!

sábado, 11 de julho de 2020

Quando a fruta cai do pé

Existe uma termodinâmica no desenvolvimento humano. Ela aponta para fora e dá razão ao tempo vivido. De dentro para fora, em muitos comportamentos é como evoluímos.


Primeiro somos o centro. Depois o centro se move para fora. Finalmente, descobrimos que tudo é o centro. Assim funciona o reconhecimento da importância do outro para si.


Sem o outro, reconheço que não encontro quem sou. Sem o outro, ameaço a dizer que nem sei quem sou. Mas só faz sentido quando o centro é tudo.


Medo é que existe inversão da orientação desse processo termodinâmico. Seja pela doença física ou mental. Senciência.

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Descobri uma nova lição para atravessar a pandemia sem elouquecer

Quando não sabemos onde vai acabar, talvez seja importante pensar no caminho. Olhe para o lado.


As plantas cresceram. Algumas até floresceram. Não se esqueça de molhá-las. Nesses dias tão secos, é bom lembrar do cheiro da chuva. 


Talvez tenha um abacateiro perto de você. Ele deve estar carregado. No fundo do quintal da casa do meu avô tinha um abacateiro. Lembrar me disso traz tantas coisas boas. 


Tantas pessoas para encontrar, conversar. Tantas coisas que já sei para ouvir, ao invés de ler. Não fotos, mas tantas pessoas para ver. Pensar nisso me faz feliz.

Eu acredito

Acredito em Deus. Não tenho conflitos entre ciência e religião. Sou cientista. Acredito em fatos, mas construo opiniões em pensamentos. Neles me apoio para atravessar a pandemia.


Sou crismado. Em família celebramos a missa no templo budista para lembrar meus avós. Em casa tinha duendes, cristais e santos. Ajudando na missa, aprendi a importância de ler bem em voz alta. Frequentei o espiritismo. Fui em retiros budistas.


Morando fora de São Paulo, algumas vezes me refugiei na missa para encontrar paz para o coração aflito. Fui orar para as pessoas que partiram, como minha mãe, tios, primos, amigos e pais de meus amigos. 


Nessa pandemia, sinto a falta dos ritos de passagem do luto. É duro atravessar o luto e sair para a luz novamente. Leva tempo. Tempo que não é para esquecer, mas para aprender a lidar com essa falta permanente.


Missas têm sido transmitidas pela internet; mas não as sétimo dia. As Igrejas, de qualquer religião, poderiam transmitir paz para as pessoas usando as mídias sociais. Que tal a missa de sétimo dia para uma pessoa querida na sua Igreja preferida no youtube, facebook ou instagram?


Coraçoeszinhos pipocando na tela no momento que o seu nome fosse dito seria precioso. Mais que o silêncio gelado de um enterro às pressas para menos que 10 pessoas. 

sábado, 18 de abril de 2020

Como estou atravessando a pandemia sem enlouquecer

Voltei para o Brasil em março, depois de três meses na Alemanha. De lá, vi o COVID-19 mais perto. Agi como quando mudamos a cadeira de praia para fugir da maré. Nesse momento de pandemia, escolhi algumas coisas para incorporar. 


Mottainai. Quem viveu a infância na cultura japonesa sabe o que é. Não pode desperdiçar. Isso fica enraizado. Descobri o sashiko, a arte japonesa de bordar para remendar buracos. Descobri o kintsugi, a arte japonesa de reparar peças de cerâmica quebradas usando uma cola que se destaca. A cicatriz fica aparente.


As lições dessas palavras japonesas eu resumo no vaso quebrado que pode ser reparado. Expondo as cicatrizes, a vida continua bela e imperfeita. É sobre perdoar, seguir em frente sem esquecer os bons momentos.  


Cultivar bons pensamentos. Em dias que quase toda novidade parece o fim, penso em soluções. Em cada problema, vejo a oportunidade de descobrir algo novo. Aprender é melhor forma de incorporar humildade. Isso me dá fôlego para um caminho moderado.


Aprender a concentração correta me traz tranquilidade. Procuro saber o que nao sei. Descubro os limites e aprendo dosar. Pratico autoconhecimento.


Não sei se incorporarei plenamente esses pensamentos. Essa é a primeira lição para não enlouquecer. utoconhecimento.


Não sei se incorporarei plenamente esses pensamentos. Essa é a primeira lição para não enlouquecer. 

domingo, 12 de abril de 2020

Páscoa

Separei algumas ideias poderosas para esta Páscoa. 

Ame: “que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros”.


Cuide: “quem ora em favor dos outros ajuda a si próprio”.

Pratique compaixão: “transcender o ego é o caminho”.

Feliz Páscoa!

domingo, 29 de março de 2020

Preciosa

Diamante é precioso porque é raro e tem propriedades que se destacam. É belo. Alguns dizem que é eterno. A vida não é eterna. Por isso ela é preciosa. 


A vida deve ser respeitada, seja uma, duas ou muitas. Cada vida tem uma história, um conjunto de escolhas certas e erradas, de efeitos diretos e indiretos em conhecidos e desconhecidos. 


Podemos quantificar a vida para tratar de problemas da civilização, mas isso não significa, na verdade última, que a vida tem preço. A preciosidade da vida está num patamar diferente. Pois é um trato que não pode ser desfeito.


Na memória de pessoa que conheci ou é mãe de quem conheci, a despedida nesse domingo é de pesar. Isso fortalece a importância da vida. Para o bem de quem fica, a vida merece respeito.


Fique em paz.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Tempo

Impressiona as fases da vida. Espectador, coadjuvante ou protagonista, tento aceitar o tempo sem julgar. Das lições, tiro o melhor para sofrer menos. 


Em dois meses de Alemanha, um amigo e três amigas perderam o pai ou mãe. Amiga perdeu um filho. Prima perdeu avó. Perdi uma amiga. Alunos perderam pais e avós. Outros se foram sem saber ou lembrar. A eles minha prece por luz e carinho. Estar mais velho me dá amigos mais velhos e mais novos, mas me aproxima dessa dor da perda. Não fujo disso, pois seria negar aos que sofrem agora o pouco que aprendi quando mamãe faleceu.


Na outra ponta, semana que vem novos alunos chegam à USP e outras Universidades. Bem-vindos ao ciclo que começa. Eu celebro 32 anos de USP e 28 anos de biomecânica. 


Meu amor está para os que perderam parte da família. Para os alunos que colocam em minhas mãos a escolha de um futuro. Toda a luz que posso oferecer é para iluminar o caminho, seja ele difícil ou fácil. Estou para isso.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Acreditar na vida depois do amor

É o exercício diário. Quando não dói quando se respira, é porque seguramos para lembrar. No começo, segundos são iguais a minutos porque o tempo muda sua passagem, repetindo o mesmo segundo várias vezes. Quando se dá conta, foram horas.


Pare tudo! porque está tudo passando rápido. É preciso acreditar que há vida depois do amor.


A vida dos outros segue. A primeira vez de cada coisa é um pedaço do luto. Não sabemos o tamanho, porque amor não tem dimensão. Nem sabemos se há vida, essa é a verdade.


Mas havia tanto amor para se dar. Um pouquinho daqui, um pouquinho de lá. Seria tudo tão simples, que nunca ia acabar. Vem tantas coisas opostas, que nem dá para dizer se é melhor ir ou ficar.


Não tem receita. Quando relembramos no outro o pesadelo, são diferentes, mas iguais. Verdade, é preciso acreditar na vida e no amor.


Mãe, hoje é seu aniversário desta vida. Celebre com sua mãe e seu pai. Vou sentir a brisa como seu sopro ventando essas velas. É assim que acredito que há amor depois da vida.

Obs. Estou n Alemanha, mãe. Então cheguei primeiro no seu aniversário!